segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Viver pra Ver

A vida passa, acontece e fica claro o quanto cada momento pode ser definidor, aprendizado, descoberto, mas que isso só é visível a quem busca ver ou está sempre pronto a perceber quando acontece, caso contrário tudo passa e você foi apenas parte de um plano de fundo qualquer, mero coadjuvante de sua própria vida. E não há de vir reclamar depois de que as oportunidades não apareceram, de que a vida não lhe presenteou, porque não há de se julgar aquilo que não se viu, não é capaz de reconhecer uma oportunidade aquele que não reconhece nem a si. Só hoje, por exemplo, depois de tanto tempo, é que percebi que eu poderia ter dito mais coisas pra te convencer, que ao invés do silêncio, haviam sim palavras que talvez fossem suficientes pra que você ficasse. Mas hoje não penso que seja tarde, que gostaria de voltar tudo e refazer meus passos, porque eles caminharam de acordo como deveriam ser. Hoje não acho que deveríamos ter ficados juntos, percebi que não era pra ser, que foi uma etapa, um momento único, mas para ser apenas lembrado, como um momento bom e de aprendizado. Hoje percebo que a vida tinha mais reservado pra mim, e até pra você, agora sei que aquilo que perdi não foi perda, era apenas passagem, passagem pra uma, e por uma transformação, para que assim eu me encontrasse e aí estivesse pronto pra receber aquilo que me era reservado. Assim é cada dia, um instante único, visto por poucos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Criança de nós


Às vezes parece que é melhor ser criança pra sempre, toda aquela bajulação, disputa de quem ela vai gostar mais ou chorar menos, aquelas caras de bobos ou as tentativas de falar igual... parece até que vão conseguir alguma comunicação verdadeira assim. A criança nunca é feia, e não digo pela opinião dos pais não, porque esses ai nunca na vida vão achar ou pelo menos aceitar que digam que seu filho é feio ou mesmo um ‘bonitinho seu filho’ – BONITINHO é o ca*#$% - mas digo por todos mesmo, ninguém acha um bebê feio ou mesmo que ache, a maioria ou praticamente todos, guardam e dão aquele sorriso amarelo tentando mostrar o contrário, ai quando vão embora comentam ‘nossa, que feinho ele né?!Tadinho. ’
Ser criança é simples? Talvez. Sem preocupações, sem hora marcada, a não ser aquelas cruciais da fome, de fazer as necessidades que enchem uma fralda inteira, é sentir somente aquelas dores de uma cólica que às vezes um apertinho na barriga pode ser todo o alívio. E mesmo assim queremos crescer logo, ser adultos, donos do nosso próprio nariz, namorar, noivar, casar, ter filhos... Eu não sei que necessidade é essa que essas crianças têm, ou que certos pais demostram pra elas que seria melhor assim. Tudo isso é bom, é interessante, traz alegrias, mas trazem muito mais percalços, desilusões, dores, machucam muito mais do que aquela queda no parquinho, já que essa um Merthiolate e um soprinho curam na hora. Ser adulto é um saco. Toda criança deve querer ser criança e só, tem que viver esse momento, curtir esse momento. Tudo passa muito rápido e acabamos sozinhos cuidando de nós mesmos. É verdade que nascemos sós e morreremos sós, mas já que é irremediável deixa pra ser quando deve ser, não há porque querer apressar as coisas.
Nenhum adulto é completamente adulto, é utopia querer ou imaginar isso, todos nós temos aquela criança em nós, alguns mais outros menos, depende exatamente de como se construiu esse individuo – e não adianta pensar, ‘como assim, construiu?’, é fato que cada individuo é produto do meio em que vive, com uma pitada de genética apenas – depende de como ele lida com isso.
Viver não é tão fácil quanto se parece às vezes, então curta cada momento, viva cada um deles e deixe a criança que habita em você renascer a cada dia, só a mantenha bem educada pra não exagerar na dose.