quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Vivendo


Observe bem ao seu redor, tente sentir o que se passa, tente entrar e se encaixar na vibração do concreto armado, na constância inconstante do espaço/tempo, se encha com todo o odor que rodeia. Observe as cores na falta de cor presente nas misturas fixas e impalpáveis.
Não ver o mundo, não sentir o mundo, não viver o mundo, é esse o preço por viver nesse mundo, é esse o preço pago pela consciência inconsciente diária, é esse o sentido completamente sem sentido de todos os momentos decorridos e percorridos, e é esse o objetivo traçado sem traços ou definido, completamente abstrato e irreal.

Quais são os sentidos que estão a prova? Quais os sentimentos que estão ameaçados? Quais os valores apontados? Não há questões ou questionamentos, há eternas reticencias, eternas vírgulas.
Tudo se perdeu nas infinitas definições, nas edificações pessoais, nos muros interpessoais, no asfalto sentimental e nas belezas fixas e deformadas. Não há fogo porque não há ardor, não há gelo porque não há tremor, tudo se resume às inabaláveis e pequenas fortalezas de areia.

Assim o mundo se recria e se define, através das apercepções externas e dos abandonos internos, das depredações generalizadas e repulsas de si. Assim o mundo tem cada vez menos cores, menos textura, menos perfume e menos música, assim o mundo se faz tenro e sólido , vividamente pálido e insipido.