Aquele primeiro momento em que nenhum de nós acreditou que
poderia ser, naquele instante em que ignorávamos todos os nossos sentidos aos
berros, e desacreditadamente nos aproximamos, sem saber iniciávamos ali nossa
história. Nada de conto de fadas, muito menos uma comédia romântica, mas uma
história de enredo próprio, sem autorias, créditos ou coadjuvantes, há apenas
nós dois, protagonistas sem personagens, atores de si.
Vivemos de nós em nós, escrevemos cada linha de uma vez,
cada trecho de forma desapropriadamente própria a nós, iluminamos cada ponto da
maneira que enxergamos, mesmo que não consigamos ver nada, damos a entonação
merecida a cada olhar, cada fala no seu indevido lugar, porque sabemos que ao
sabor do toque iremos entender começo, meio e fim.
A cada nova escrita, a cada revisão de enredo, a cada nova
atuação percebemos que a história na verdade nunca teve começo e nem fim, que
na verdade essa história sempre esteve escrita de alguma forma e que a cada
página transcrita haverão várias outras em branco. Se não teve começo, nunca
terá fim.
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