terça-feira, 28 de junho de 2011

Na Memória

Lembra do dia em que nos conhecemos? Às vezes me pego lembrando disso, com um sorriso meio bobo na cara. Aquele que você nunca entendeu quando me via te observando durante suas atividades rotineiras de casa, nos momentos mais sérios ou naqueles em que você se divertia mais do que qualquer outra pessoa. E quando me pego pensando em você, não sei bem o que sinto. São tantas coisas. Meio confuso, sabe?
Não que eu ache isso ruim, pelo contrário, acho interessante o fato de pensar que foi tudo tão esquisito e ao mesmo tempo ver que foi da melhor maneira que poderia acontecer. Lembrar que você não me dava muita bola, seu jeito durona de ser, típico de leonina. E eu todo interessado, fazendo de tudo pra você me querer, sendo eu mesmo, mas dando ênfase nas qualidades, que eu não sou bobo de apontar meus próprios defeitos. Apesar de menino, já tinha lido “Arte da Guerra”. Sun Tzu tinha que servir para alguma coisa.
Mas valeu porque consegui te conquistar, eu acho. Nem que tenha sido por pouco tempo. Na verdade, às vezes penso que, talvez, você tenha me aceitado mais pelo esforço que fiz do que pelas qualidades propriamente ditas. Mesmo assim, me senti muito feliz, afinal, todo aquele esforço tinha que dar resultado. E era um reconhecimento.
Àquela época eu pensava ser você a coisa certa, quem me faltava. Ver seu sorriso era tudo que eu poderia querer. Pensava, imaginava, criava, inventava todas as possibilidades de uma vida eterna entre nós dois. E de repente tudo se desfez, perdi a rota e um caminho que antes iluminado, se tornou gélido e cego.
Por um bom tempo fiquei sem saber como viver sem você. Sofri, chorei. Mas passou e hoje entendo que você era, sim, o melhor na minha vida naquele momento. Aprendi, cresci, amadureci. Foi bom pra mim e esse sentimento perdurará sólido e inalterado.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Tempo

Lembra-se daquele casaco preto que você sempre usava, porque vivia esquecendo ou com preguiça de levar o seu? Encontrei em meio as nossas coisas que agora somam lembranças. Ainda o uso, mas ele ficava melhor em você, mesmo cabendo mais de uma de você dentro dele. Lembranças que me disseram que com o tempo curaria, mas constatei que isso não é uma verdade, o tempo ameniza, mas não cura, o tempo trará inúmeras coisas, menos a cura.

Descobri que com o tempo histórias acabam, mas as lembranças não, e agora a percepção de que não aproveitei o tempo bom e que o tempo agora é mais curto e as vezes mais longo do que antes. Vivo na constante inconstância do tempo que me fez perceber que as pessoas não mudam com o tempo, elas são o que são, com o tempo se tornam mais ou menos idiotas ou se mascaram como subterfúgio e que o importante é saber onde se encaixar. Querer tempos diferentes depende disso, isso é o que define os tempos que virão, as pessoas que farão parte dele e as lembranças que se vai ter, porque o tempo não muda, fazer coisas é que muda algo, não fazer deixa as coisas do jeito que estão.

Descobri tarde?! Talvez. Mas não há como criar experiência, é preciso passar por ela, é preciso viver cada tempo para perceber que seu celular descarregado constantemente não era tão incomodo assim, que seu inglês tem melhorado muito com o tempo. É preciso errar para que com o tempo se descubra onde me encaixo e quais são as lembranças que pretendo ter daqui pra frente, e aí passar a viver cada tempo em sua plenitude e não mais a sobreviver a ele.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Einstein

Alguém me falou que o amor verdadeiro não existe mais, que ele não é mais o mesmo.  Mas quem foi que conheceu esse amor verdadeiro? Quem é esse Einstein que descobriu essa ciência exata?
O amor verdadeiro nunca existiu, a procura por ele é inútil, é fracassada, procurar por isso é querer encontrar qualquer outra coisa menos ele. Esperar por ele é abdicar de tudo que lhe é provido, é enganar a si, é se contentar com o ilusório pleno e absoluto, ou talvez nem pleno e nem absoluto.

Amor verdadeiro não tem base em receita de bolo, não dá pra tentar seguir um plano, tentar uma maneira certa pra se ter, encontrar, construir, constituir, prover, ele é dissimulado, ele é plural, é multifacetado, é mutável, mas é único e simplório. Ele não representa nada e significa muito, está contido, mas está livre pra estar onde bem entender, ele te dá o rumo e te faz perder o prumo.
O amor verdadeiro está em cada um de nós, em cada momento único, em cada instante representado, vive com cada lembrança, cada querer, cada saber, por isso ele é intrigante, provoca questões, dúvidas. Desista dessa busca, simplesmente ame, sem ter, nem porque, só ame, você vai encontrar o seu e só seu amor, cada um tem o seu, cada qual com sua peculiaridade e cada um se torna verdadeiro tanto quanto o outro, o importante é aproveitar o que ele pode te dar da forma que for.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Desabafo de uma linguagem só

Enfim desabafei, pude colocar pra fora tudo, ou quase tudo, aquilo que me dava um nó na garganta, tudo aquilo em que passei dias e noites ensaiando e ponderando comigo mesmo, momentos em que tudo ao redor se tornava coadjuvante e você era não só a atriz principal, até porque isso você sempre foi, mas em que era o roteiro e passaria a ser a telespectadora quando chegasse a hora de podermos conversar. Não saiu como planejado, frases pela metade, palavras fora do contexto adequado, ideias trocadas, mas nem tudo sai mesmo e talvez assim seja melhor, por um motivo qualquer ou por força maior é assim que a vida acontece, ela acontece e nós fazemos acontecer. Pensei em me arrepender, tive o ardor da angústia de não ter expressado da minha melhor maneira, com toda a intensidade daquilo que existe dentro de mim e que é apenas você. Mas me dei conta de que eu poderia utilizar todas as palavras conhecidas em todas as línguas existentes e/ou já mortas que eu não conseguiria lhe dizer a imensidão que é a sua importância pra mim, o seu significado em minha vida, a falta que você tem feito, de como as coisas deixaram de ter o significado que tinham com você ao meu lado. Eu poderia ter me expressado na melhor produção de Hollywood que ainda assim não me seria suficiente pra demonstrar, não seria nem mesmo suficiente pra te convencer.

Passei dias olhando para as estrelas buscando um conselho, uma descoberta, algo que me levasse até você de alguma forma, algo que fosse aquilo que eu gostaria de ouvir. Só ouvi devaneios oriundos da minha mente culpada, da minha mente relapsa projetada em num espelho de mim mesmo. Ouvi aquilo que deveria ser dito, da forma pura e pontual. Constatei que meu desejo se esbarra na consciência de que você se foi com razão, que quando percebi que você se esvaia de minhas mãos só foi incontrolável porque quando mais precisei de mim eu me abandonei e você se foi junto.

Ainda amo você, e isso não se tornou um martírio, amar alguém que não se tem não é tão doloroso quando o querer bem se faz absoluto. Você não pode amar alguém sem que se abra para os seus problemas, seus medos. Meu medo era de não te proporcionar todas as alegrias que eu sentia por estar ao seu lado, esse medo se tornou fatídico, poderia então me conformar com ele ou entender que quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás, e que era aí que o medo ficaria e que a minha busca não teria mais fim, já que é assim que é o amor por você, sem fim.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma última vez

Difícil olhar nos seus olhos novamente, difícil perceber que o brilho que eles levam não tem mais nenhuma relação comigo, difícil observar você seguir tão bem sem mim, não desejo o contrário e nem pensei que você ficaria em eterno luto, mas a ideia era de eu poder fazer você sempre bem assim ou até melhor, difícil ter que despedir de você e saber que pode ser a última vez, difícil estar sem você e não saber o que é pior, se é não te ver pra não alimentar uma saudade que não poderá ser amenizada ou ver você pra não sentir essa saudade, mas não poder te tocar, e ainda assim permanecer com a falta que você me faz. Difícil é acordar todos os dias querendo ver você ainda dormir, querer beijar seus olhos para que você dê aquele sorriso preguiçoso e se virar para continuar dormindo. O difícil não é olhar para o futuro e não te ver nele, porque o futuro é interrogação, o futuro é obscuro, apenas imaginário, é olhar para o meu presente e cair na real que não te tenho mais ao meu lado, não te tenho como aquela companhia para deitar no colo e desabafar todas aquelas angústias, é não poder comemorar cada conquista com você e dedicá-las a você, é te ter apenas como parte de um passado, de uma história boa.
Provavelmente você nunca retorne e essa não é nem a parte mais difícil, porque um dia você iria mesmo, nada dura o tempo suficiente pra nós, sempre achamos que foi tempo demais ou que já passou da hora, quando na verdade tudo dura o tempo que foi feito pra durar, e essa sim é parte difícil, é assimilar que nosso tempo foi tão curto quanto eu gostaria que fosse.
Foi bom ter te visto, bom ter ficado frente a você e sentir meu coração bater forte mais essa vez, para que assim esses pensamentos possam enfim descansar, enfim sair deste faz de conta e seguir com a cabeça no mundo real. Obrigado.