segunda-feira, 6 de junho de 2011

Desabafo de uma linguagem só

Enfim desabafei, pude colocar pra fora tudo, ou quase tudo, aquilo que me dava um nó na garganta, tudo aquilo em que passei dias e noites ensaiando e ponderando comigo mesmo, momentos em que tudo ao redor se tornava coadjuvante e você era não só a atriz principal, até porque isso você sempre foi, mas em que era o roteiro e passaria a ser a telespectadora quando chegasse a hora de podermos conversar. Não saiu como planejado, frases pela metade, palavras fora do contexto adequado, ideias trocadas, mas nem tudo sai mesmo e talvez assim seja melhor, por um motivo qualquer ou por força maior é assim que a vida acontece, ela acontece e nós fazemos acontecer. Pensei em me arrepender, tive o ardor da angústia de não ter expressado da minha melhor maneira, com toda a intensidade daquilo que existe dentro de mim e que é apenas você. Mas me dei conta de que eu poderia utilizar todas as palavras conhecidas em todas as línguas existentes e/ou já mortas que eu não conseguiria lhe dizer a imensidão que é a sua importância pra mim, o seu significado em minha vida, a falta que você tem feito, de como as coisas deixaram de ter o significado que tinham com você ao meu lado. Eu poderia ter me expressado na melhor produção de Hollywood que ainda assim não me seria suficiente pra demonstrar, não seria nem mesmo suficiente pra te convencer.

Passei dias olhando para as estrelas buscando um conselho, uma descoberta, algo que me levasse até você de alguma forma, algo que fosse aquilo que eu gostaria de ouvir. Só ouvi devaneios oriundos da minha mente culpada, da minha mente relapsa projetada em num espelho de mim mesmo. Ouvi aquilo que deveria ser dito, da forma pura e pontual. Constatei que meu desejo se esbarra na consciência de que você se foi com razão, que quando percebi que você se esvaia de minhas mãos só foi incontrolável porque quando mais precisei de mim eu me abandonei e você se foi junto.

Ainda amo você, e isso não se tornou um martírio, amar alguém que não se tem não é tão doloroso quando o querer bem se faz absoluto. Você não pode amar alguém sem que se abra para os seus problemas, seus medos. Meu medo era de não te proporcionar todas as alegrias que eu sentia por estar ao seu lado, esse medo se tornou fatídico, poderia então me conformar com ele ou entender que quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás, e que era aí que o medo ficaria e que a minha busca não teria mais fim, já que é assim que é o amor por você, sem fim.

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