Essa noite resolvi ficar mais um pouco na varanda, apesar do frio já querer se encostar, me senti confortável. Não sei, de vez em quando faz bem ter um momento seu pra refletir, arrumar aquela gaveta na sua cabeça que anda um tanto revirada por diversos motivos, mas que nunca se tem o tempo necessário. É interessante que se percebe quanta coisa há guardada e que acabou ficando pelo fundo dessa gaveta e quantas dessas coisas foram e ainda são tão importantes, coisas que são realmente significativas, mas que por alguma razão você colocou lá e decidiu deixar de lado, seja por te fazer mal lembrar, porque você acha que amadureceu demais e aquela circunstância deixou de ser relevante pra você, motivos pra se esquecer de certas coisas nós temos de sobra, porque esquecer é uma necessidade, um modo de proteção. Lembrar pode machucar, pode ferir ou abrir aquela ferida não cicatrizada. Essa é a maneira fácil de encarar as coisas, a maneira indolor, e aí me questionei, é a melhor maneira? Não sei se a melhor, a mais fácil é certo, já que encarar, ir de encontro, assimilar aquele fato marcado, tem que ter coragem, tem que estar disposto a sentir aquilo que nunca se quis sentir, o que dirá ressentir, é ser capaz de assimilar e transformar tal coisa para algo engrandecedor, algo que revigorará e de dolorido, sofrido, para algo que trará alívio, que trará paz. Estar em ordem com essa gaveta pode ser complicado, pode ser desumano talvez, mas um minuto dedicado a isso pode transformar o resto da sua vida.
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