segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Chegando a Um Fim


Até onde vai a sua vida, até onde você vai poder chegar, onde seus braços alcançarão? Não tente responder, porque a mais sincera e verdadeira resposta não seria a correta, porque não há uma. Sua vida vai até onde ela poderá ir, até onde ela deve ir, você pode antecipar o fim ou prolonga-lo o máximo possível, o que ainda assim não seria o bastante.


Observe o dia de hoje, olhe o azul do céu, se vire para o horizonte até onde a vista alcança, olhe como se fosse o último momento pra isso, a última oportunidade. Suspire com força, sinta o ar como o último fôlego. Quantos foram os dias que você conseguiu perceber as coisas desse modo? Já tinha visto e sentido por esse ângulo? Sabia que esse azul era tão azul assim e que sua vista alcançava tão longe?


Quando as coisas se vão, quando as coisas passam às queremos de volta, sentimos raiva, arrependimento, porque não vimos antes que nada que vai, volta, tudo o que acontece vira necessariamente passado, no máximo recomeçam, mas nunca são exatamente iguais, não há como escrever em cima, só há como começar um novo, virar a página e iniciar um novo capitulo. O arrependimento não mata, mas pode definir como será.


Sinta o que há pra sentir hoje, chore o que deve ser chorado agora, ria de tudo o que puder o máximo que se aguentar, dê aquele abraço apertado. Cada dia é o seu último, não há segunda chance, não há um segundo round, não há ‘mais tarde’, há o tarde demais. Cada segundo é presente, cada respiração é dádiva. O fim é certo e pode estar mais próximo que se imagina.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Desconhecida


Depois de tanto tempo descobri que não sei quem você é, descobri que não descobri nada em você, nada de você, nada em que pudesse ter me apaixonado, descobri que nunca vi você antes, que talvez fosse um prazer te conhecer agora, já que até então só tinham me sobrado dúvidas. Será que estive cego durante esse tempo ou você realmente acabou de aparecer, de surgir?! Se eu ligar essa luz eu te verei de novo, se sairmos ao sol eu te reencontrarei?

Você não se tornou alguém pior, pode ser até que tenha se tornado alguém melhor, mas talvez melhor pra você mesma, para aquilo que você deseja ser e não naquilo que quisemos pra nós dois.

Você perdeu a essência de ser você, deixou migalhas suas pelo caminho como se esperasse poder reviver aquele caminho de novo, mas essas migalhas se desfizeram, assim como você. Assim como ficaram pelo caminho, você também ficou por ele ou ao menos quem você realmente era e se tornou parte de uma lembrança. Lembrança que levarei comigo, de alguém que foi alguém, que fez parte, mesmo que agora seja apenas uma bela desconhecida. E quem sabe depois de um até breve a gente se reencontre e sejamos apenas dois desconhecidos que passarão a se conhecer melhor e ter uma vida desconhecida juntos, mesmo com lembranças esquecidas de uma outra vida...!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Viver pra Ver

A vida passa, acontece e fica claro o quanto cada momento pode ser definidor, aprendizado, descoberto, mas que isso só é visível a quem busca ver ou está sempre pronto a perceber quando acontece, caso contrário tudo passa e você foi apenas parte de um plano de fundo qualquer, mero coadjuvante de sua própria vida. E não há de vir reclamar depois de que as oportunidades não apareceram, de que a vida não lhe presenteou, porque não há de se julgar aquilo que não se viu, não é capaz de reconhecer uma oportunidade aquele que não reconhece nem a si. Só hoje, por exemplo, depois de tanto tempo, é que percebi que eu poderia ter dito mais coisas pra te convencer, que ao invés do silêncio, haviam sim palavras que talvez fossem suficientes pra que você ficasse. Mas hoje não penso que seja tarde, que gostaria de voltar tudo e refazer meus passos, porque eles caminharam de acordo como deveriam ser. Hoje não acho que deveríamos ter ficados juntos, percebi que não era pra ser, que foi uma etapa, um momento único, mas para ser apenas lembrado, como um momento bom e de aprendizado. Hoje percebo que a vida tinha mais reservado pra mim, e até pra você, agora sei que aquilo que perdi não foi perda, era apenas passagem, passagem pra uma, e por uma transformação, para que assim eu me encontrasse e aí estivesse pronto pra receber aquilo que me era reservado. Assim é cada dia, um instante único, visto por poucos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Criança de nós


Às vezes parece que é melhor ser criança pra sempre, toda aquela bajulação, disputa de quem ela vai gostar mais ou chorar menos, aquelas caras de bobos ou as tentativas de falar igual... parece até que vão conseguir alguma comunicação verdadeira assim. A criança nunca é feia, e não digo pela opinião dos pais não, porque esses ai nunca na vida vão achar ou pelo menos aceitar que digam que seu filho é feio ou mesmo um ‘bonitinho seu filho’ – BONITINHO é o ca*#$% - mas digo por todos mesmo, ninguém acha um bebê feio ou mesmo que ache, a maioria ou praticamente todos, guardam e dão aquele sorriso amarelo tentando mostrar o contrário, ai quando vão embora comentam ‘nossa, que feinho ele né?!Tadinho. ’
Ser criança é simples? Talvez. Sem preocupações, sem hora marcada, a não ser aquelas cruciais da fome, de fazer as necessidades que enchem uma fralda inteira, é sentir somente aquelas dores de uma cólica que às vezes um apertinho na barriga pode ser todo o alívio. E mesmo assim queremos crescer logo, ser adultos, donos do nosso próprio nariz, namorar, noivar, casar, ter filhos... Eu não sei que necessidade é essa que essas crianças têm, ou que certos pais demostram pra elas que seria melhor assim. Tudo isso é bom, é interessante, traz alegrias, mas trazem muito mais percalços, desilusões, dores, machucam muito mais do que aquela queda no parquinho, já que essa um Merthiolate e um soprinho curam na hora. Ser adulto é um saco. Toda criança deve querer ser criança e só, tem que viver esse momento, curtir esse momento. Tudo passa muito rápido e acabamos sozinhos cuidando de nós mesmos. É verdade que nascemos sós e morreremos sós, mas já que é irremediável deixa pra ser quando deve ser, não há porque querer apressar as coisas.
Nenhum adulto é completamente adulto, é utopia querer ou imaginar isso, todos nós temos aquela criança em nós, alguns mais outros menos, depende exatamente de como se construiu esse individuo – e não adianta pensar, ‘como assim, construiu?’, é fato que cada individuo é produto do meio em que vive, com uma pitada de genética apenas – depende de como ele lida com isso.
Viver não é tão fácil quanto se parece às vezes, então curta cada momento, viva cada um deles e deixe a criança que habita em você renascer a cada dia, só a mantenha bem educada pra não exagerar na dose. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sonho Bom


Hoje acordei mais largo, não no sentido físico, até porque estou bem longe disso, não que eu não faça por onde, mas acho que é a genética que atrapalha. Mas largo de sentimento, feliz. Num primeiro instante me indaguei, ‘estou esperando ou recebi alguma notícia boa? Do tipo, aumento de salário, ganhar um premio... ’ – mas descobri que não era nada disso, comecei a lembrar de ter sonhado durante a noite e que havia sido um sonho muito bom, lembrei que sonhei com você, e quando me virei você estava ali ao meu lado. Então, não foi sonho, é um sonho, é uma realidade.

Essa mistura tem mostrado que cada dia é único, que cada declaração de amor que se faça é singela demais, que cada momento é rapidamente finito, principalmente aqueles em que debatemos sobre a pedagogia, da qual você se fascina e eu só sei o que seu texto acabou de me dizer, mas ainda sim eu me acho o bacharel no curso, ou quando você cria palavras que matam totalmente o português, mas faz só pra fazer graça – e ai de mim se recriminar - quando eu me faço de carente pra ganhar aquele cafuné que você não tem a menor paciência de fazer, mas que adora receber. Esses momentos são aqueles que permitem descobrir que não existe uma fina linha entre amor e ódio, e sim uma muralha da China com sentinelas armados a cada metro e que esse muro não nos afasta de nenhum dos lados, ele te mantém dentro de um deles, e que temos as opções de arriscar ou conformar. Ainda bem que eu arrisquei, porque desse lado do muro a visão é espetacular.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Na Mira do Chavão

Certamente todo mundo já ouviu, falou ou foi vítima de um chavão, daqueles mais estranhos ou mais comuns, cômicos ou completamente idiotas (pensei em outra palavra, mas nenhuma abrange tanto como essa). O chavão está presente mesmo no nosso cotidiano, não tem jeito.
Se você já se relacionou, provavelmente já ouviu vários ou até mesmo já foi vítima alguma vez, talvez até tenha vitimado alguém. Acontecem, as pessoas estão tão acostumadas a mentir que a verdade acaba sendo mascarada às vezes pra amenizarmos a consequência que possa se causar.
Ai você vai perguntar: “Isso é um problema então? Mentir, mascarar é ruim? Não é melhor dizer de uma maneira mais amena?”. Um problema talvez não. Um erro? Talvez! Não há um modelo especifico de se agir. É fato que a verdade mesmo que doída é um ótimo caminho, mas lidar com ela nem sempre é tão simples assim, existem diversas circunstâncias que a entravam . Mas acho que mais importante que a verdade é a consciência do que realmente está sendo dito e transmitido.
Quando alguém diz “O problema não é você, sou eu.”, e você se conforma, é aí que as coisas se perdem, porque é claro que o problema é você, se não fosse não estaria havendo um fim, não haveria essa frase, esse momento. É claro que você é ao menos parte do problema, seja por você ser excelente até demais, ou não valer um tostão furado, ou mesmo por ter aparecido num momento que não era o ideal para aquela pessoa e ela queira outra coisa, outro alguém, mas você sempre fará parte do problema. O relacionamento não começa e nem acaba sozinho, as partes se envolvem e são envolvidas. Então não dá pra simplesmente levantar e sair, aceitar isso como se fosse um elogio, que te sirva de aprendizado, que se tenha a consciência do que foi feito e de onde se errou para não cometer os mesmos erros. Encare numa boa, mas encare, siga e faça diferente. Se você se conforma em ouvir isso, talvez não estivesse tão envolvido assim, talvez você seja mesmo o motivo, o problema.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Intrincado Amor

Em meio a multidão a solidão se fez solidez. A cada passo contínuo o pensamento descontínuo, o olhar cego e o entendimento decaído. A palavra não dita exalada no sentimento aflorado, perdido no tempo/espaço ainda não vivido, interrompido na abrupta ignorância da certeza.  O querer exaltado completamente desenfreado, multiplicado no desinteresse na ânsia do encontro desencontrado e na espera do surpreendido.

A procura inexplicável, apontada pro horizonte sem chegada, com a mira em parafusos norteada pro sul, através da rota traçada num lápis sem ponta, corrigida sem ser apagada com o prolixo objetivo na aparência de sintético, enganado pela crença do desengano de um passado ainda presente refletido num futuro inexistente recém-chegado com um adeus felicitado no desdém oportuno.

A descoberta aponta, mas só a encontra quando não se dá mais conta, de que essa era a vida, esse era o ser vivido antes de encontrar o seu amor, próprio ou improprio, nos moldes de um padrão já ultrapassado ao seu melhor estilo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Interrogações de Um Texto

Demais... Amor demais, tristeza demais, alegria demais, raiva demais, pensamentos demais... O quanto é demais, o que é demais, por que é demais? O que permite tal definição? O que promove e intitula o exagero? Por que é exagerado exagerar? Por que é demais querer demais, se quando pensamos, sonhamos, eles não devem ter limites? Por que restringir o ilimitado onde não se há limites? Como aprisionar numa prisão de ‘infinitude’ máxima? Como definir um destino para o predestinado a ser sem destino? Como fincar um ponto de chegada sem saber onde será o ponto de partida? Como ter certeza quando a dúvida é que promove uma certeza? Por que fechar os olhos se a imagem continua em mente? Como definir a intensidade se não se mede com força? Como definir distancia se ela não é física? Como apagar se não há método eficaz? Como se jogar quando não há chão? Como esperar quando não se sabe o quê? Como crer se não se sabe em quê? Como alcançar o inalcançável? Como viver se não há manual? Como se preparar se não se sabe pra que? Como não chorar se tudo o que se tem são lágrimas? Como não sorrir quando se tem apenas sorrisos? Como não sangrar quando tudo são espinhos? Como amanhecer quando tudo se faz noite? Como manter os pés firmes se tudo o que se tem são abismos? Como ser forte quando não há mais força? Como colocar um ponto final se tudo o que eu tenho são interrogações?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Normalmente Loucos

Tem certos dias que ao acordar a sua manhã parece normal demais, até então alguém, naquele primeiro contato matinal lhe dizer algo, que pode ir desde o saudoso e simplório ‘Bom dia’, até o “Você é louco” - no meu caso aconteceu a parte do louco. Na hora não se sabe muito o que dizer, você está apenas acordando, seu cérebro ainda não consegue especificar nem o que ele é, o que dirá ter algo pronto o bastante para retribuir tamanha estima num momento como esse. Mas assim que retomada as condições, quis indagar: ‘Por que louco? Dormi igual a morcegos? Uma cama de faquir não me foi o bastante?’. Pensei nas coisas mais bizarras possíveis naquele instante, era o que me caberia, afinal o comentário provinha logo após uma noite de sono. Mas tem certos momentos que nada é suficientemente bizarro para descrever uma situação ou descrever um ser, e foi logo ao entrar nesse mérito que o estimado executor da pergunta desapareceu. Das duas uma, ou ele teve a confirmação da minha plena e absoluta loucura ou ele apenas achou o papo irritante demais para continuar ali. Pra mim já não fazia diferença, principalmente após esse singelo despertar.
O que realmente é intrigante é a questão de até onde pode ir a nossa loucura ou até onde somos normais, é até onde vai essa linha tênue que divide esses estados mentais reproduzidos em espelhos de nós mesmos, se é que há tal divisão. É até onde pode-se pré-definir um grau ou uma qualificação. Talvez ser normal seja o caminho pra loucura, talvez ser normal seja loucura, ou uma loucura seja tão normal, talvez a loucura seja o único remédio contra a tristeza.
Viver não é normal, é loucura. Sobreviver é que é normal, e é por isso que se está aqui. Viver é bem mais que manter a mente sã, é bem mais que cometer devaneios. Viver é sobreviver a cada dia normal através de loucuras, é enlouquecer normalmente. É ter a ousadia de sair de si sendo você mesmo, é perder a cabeça com ela no lugar. Porque nesse mundo louco, até é normal ser normal.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Meu Dizer

Sentei, pronto pra escrever algo. Imaginando, criando, refazendo, repensando, decifrando, e nada se tornou concreto, nada se fez suficiente, agradável, justificável. Não sabia por onde começar, no que pensar, sobre o que retratar. Pensei em escrever sobre você, pra você, sobre nós ou pra nós, mas independente de qualquer, não haveria nada que se despisse de mim ou até mesmo de você, nada teria o trato devido, nada diria tudo.
Descobri que só precisava escrever, que só precisava dizer, mesmo que nada tivesse de haver, descobri que poderia deixar me acometer, me levar e dedilhar por essas finas inobservadas linhas, deslizar nas letras suavemente abrasivo, e que nada mais poderia ser tão invasivo e sem pudor de mim mesmo, que nada seria mais explicito do que o instante de pensamentos implícitos devidamente desorganizados e que nenhum outro momento como esse diria tanto sem se entender absolutamente nada.

Descobri que não tenho, que não preciso descobrir nada, que basta apenas permitir acontecer, que o necessário nem sempre se faz necessário, porque quando você mais procura o porquê é exatamente quando menos ele se torna presente. O explicativo é subjetivo e o meu querer bem mais efusivo.
Através do passeio por estas letras me decaio sobre algumas notas desenhadas e de tom similar, é aí que então, oriundo de um sentido qualquer, me proporciono o encaixe sonoro das pausas e me represento dentro de parágrafos rabiscados de pensamentos múltiplos de indizeres.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Apenas Imagem


Hoje pude estar perto de você novamente, ouvir sobre o seu dia, você contar suas histórias e rir de você mesma como se fosse a coisa mais normal e comum, e ao mesmo tempo séria e quase trágica. Pude te fazer rir novamente das minhas besteiras, das minhas piadas sem sentido e que você só acha graça quando está assim, com um sono descomunal, mas que bateu ainda mais forte quando eu comecei a falar do meu dia, das minhas coisas emboladas, com um ' q' de seriedade além do suportável, mas que você mesma perguntou, talvez pela sua educação sempre aguçada, ou quem sabe por querer mesmo saber - eu que prefiro pensar que tenha sido a segunda opção, afinal o livro de linguagem corporal que li todo deve ter servido pra alguma coisa.
Esse momento curto, se tornou infinito ao olhar novamente em seus olhos e ver o brilho incandescente que eles carregam sem precisar de muito pra isso, ao ouvir sua risada alegre com o simples, matar a saudade daquelas piscadinhas fazendo carícias com os cílios, que só você sabe fazer. Um momento infinito com breve fim, querendo tê-lo repetido, mas sem a previsão concreta.
Ter você por perto é mais do que desejo, quase necessário, sua ausência momentânea ou eterna provoca quase a mesma sensação. Estar ao seu lado não precisa fazer sentido, não precisa haver motivos, precisa apenas de você com seu jeito próprio ou talvez impróprio para mim, já que me vicia, mas encanta, colore e faz bem. Quem me dera estar sempre ao seu lado e viver nesse mundo, longe da sépia que se transformam rapidamente meus dias longe de você.
Te ver nunca será o bastante, mas talvez seja parte de um desenho, uma pincelada de um quadro de nós dois.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Um Perdão Sem Perdão

Você disse que me perdoa, que não guarda rancor, ódio e nenhum tipo de raiva. Mas quem disse a você que quero esse seu perdão, em que momento lhe pedi esse perdão? Um perdão que é só pra você, um perdão só seu. Não quero e não preciso de um perdão que me é distante, que me absolve com uma culpa iminente e estampada, que me empurra para um lado tão distante possível de você que faz com que eu te aviste o mais próximo que meus olhos podem enxergar, mas tão distante que nem todos os anos luz a mim disponíveis seriam suficientes para te alcançar novamente.

Esse perdão é frondoso, é lindo. É lindo porque finca de uma vez por toda a importância que você dá a você mesma – o que não é um erro, é acertada a sua posição de se colocar a frente, de ter você mesma com autossuficiência em relação aos seus sentimentos, a sua segurança. É importante mesmo você se valorizar, entender aquilo que não lhe cai bem. Só não me venha com esse perdão fictício que só causa bem a você, que te engrandece, porque ele é pensado apenas pra você, e incide a obviedade do sentimento vazio que sempre existiu a mim. Não usarei isso como subterfugio de um erro convicto, há coisas que não mudam só porque você pede desculpas.
O seu perdão não é provido de sentimento, de um querer bem, de algo abrasivo ou até mesmo infortúnio, é vago, é ténue. Então pra mim é desprezível e dispensável. Porque o perdão e o furor incontrolável são parceiros, são coadjuvantes de um momento só, são prismas de um mesmo instante. Perdoar não significa querer, significa que o querer ainda é forte e enfurecido, mas que não é mais controlador, que não é o fator dominante, agora é dominado.

Se não pôde amar, não há o que perdoar, o perdão é a cicatriz do amor.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Confundo

Venha, e segure a minha mão, sinta o calor que ela emana, provindo de um palpitar sem ao menos breves pausas, da respiração trêmula e descontínua. Observe o expandir do meu peito como a quem procura por um ar que parece cada vez mais rarefeito. Veja em meu olhar perdido no horizonte, da pupila dilatada a face sua refletida em um momento eterno, um lacrimejar vagaroso de ar duvidoso.

Chegue mais perto, me abrace, veja meu sangue já gélido correr dentre as veias, será capaz de me aquecer nesse instante?! Decifre esses meus pensamentos distorcidos de um sentimento só. Sinta o exalar do meu eu em te querer, escute a boca muda gritar seu nome em alto som e me diga em seu silêncio aquilo que tanto quero ouvir e que você nunca soube manifestar, satisfaça meus ouvidos sob essa melodia sem tons, oriunda do olhar infinito de um adeus.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Minuto pra Organizar

Essa noite resolvi ficar mais um pouco na varanda, apesar do frio já querer se encostar, me senti confortável. Não sei, de vez em quando faz bem ter um momento seu pra refletir, arrumar aquela gaveta na sua cabeça que anda um tanto revirada por diversos motivos, mas que nunca se tem o tempo necessário. É interessante que se percebe quanta coisa há guardada e que acabou ficando pelo fundo dessa gaveta e quantas dessas coisas foram e ainda são tão importantes, coisas que são realmente significativas, mas que por alguma razão você colocou lá e decidiu deixar de lado, seja por te fazer mal lembrar, porque você acha que amadureceu demais e aquela circunstância deixou de ser relevante pra você, motivos pra se esquecer de certas coisas nós temos de sobra, porque esquecer é uma necessidade, um modo de proteção. Lembrar pode machucar, pode ferir ou abrir aquela ferida não cicatrizada. Essa é a maneira fácil de encarar as coisas, a maneira indolor, e aí me questionei, é a melhor maneira? Não sei se a melhor, a mais fácil é certo, já que encarar, ir de encontro, assimilar aquele fato marcado, tem que ter coragem, tem que estar disposto a sentir aquilo que nunca se quis sentir, o que dirá ressentir, é ser capaz de assimilar e transformar tal coisa para algo engrandecedor, algo que revigorará e de dolorido, sofrido, para algo que trará alívio, que trará paz. Estar em ordem com essa gaveta pode ser complicado, pode ser desumano talvez, mas um minuto dedicado a isso pode transformar o resto da sua vida.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Definindo Limites

Podia existir um guia para a intimidade, um mapa, algo que indicasse o destino certo, a melhor forma de agir pra que nos impeça de ultrapassar aquele limite aceitável, aquele limite em que pode se colocar tudo a perder mesmo sem a menor intenção de tal, ou quem sabe uma lente invisível onde poderíamos enxergar melhor nossas atitudes, posturas, que nos desse um olhar menos míope dos acontecimentos em certas ocasiões.

Há instantes em que nos martelamos querendo tudo isso, em que tudo isso faz todo o sentido, quando tudo já perdeu o sentido e não se sabe mais o que fazer porque não há mais nada a fazer, quando a melhor solução não existe, mas é a única. Queremos regras, um modelo padrão pra se seguir, e até perguntamos a nós mesmos, ’será que não existe um jeito certo pra eu fazer isso?’, e a resposta acaba sendo óbvia, talvez dura e irremediável. Não há regras, seguir a intuição, essa seja talvez a chave para a decisão; a resposta correta, cada momento pedirá uma e só você sabe de você, só você conhece seus limites e sabe o que tem a perder, não há nenhum tipo de GPS que possa guiar esses instantes, temos que descobrir sozinhos, arriscar, correr o perigo de errar, de pisar feio na bola, de extrapolar total, de ultrapassarmos a linha, de perdermos a linha. Precisamos de lições sempre e é assim que teremos algumas, precisamos de choques agudos pra melhorarmos nossas miopias e isso é o que há pra fazer, isso é o que distingue cada intimidade, cada aprendizado. Não se acovarde, seja capaz de pagar pra ver, nenhuma decepção é pior do que a que se tem com você mesmo.

sábado, 9 de julho de 2011

Uma Quina Diferente

Já topou o dedo mínimo do pé em alguma quina? Comigo aconteceu hoje. Dor que parece infinita. A vista escurece, o fôlego desaparece, o momento entristece e o palavrão na mente enriquece. É uma das coisas que nunca esperamos e que quando acontece é repentino e não há nada que resolva, tem que deixar passar, esperar a dor ir embora.

E se apaixonar arrebatadoramente? Se já aconteceu com você, certamente saberá que há uma grande semelhança entre esses dois fatos, com a pequena diferença do local da dor, quando essa paixão por algum motivo não te faz feliz o quanto poderia, ou até faz, mas em contrapartida causa também uma dor diretamente proporcional. Se ainda não aconteceu, não se preocupe, você ainda vai achar essa quina aparentemente inofensiva, mas que te fará sair deste plano pra um completamente fora de proporção, em que você se perguntará o porquê.
Se apaixonar é não enxergar com olhos próprios, às vezes é perder completamente a visão, é planar num universo paralelo, sair de si e mutar. Não há nada que uma paixão não possa despertar, não há nada que não possa ser.

Vale a pena mirar e jogar o dedo de encontro à quina? Provavelmente não, e você nem sentiria a mesma dor. Mas você também não vive de olho nas quinas fugindo delas. Assim é com uma paixão, você não mira, não busca e nem escolhe, ela vem de repente e simplesmente acontece, arrebata. Nem todas doerão, nem todas serão maravilhas. É deixar acontecer, e nessa sim você se joga, porque doendo ou não, momentos maravilhosos certamente acontecerão. E se nada de bom restar, restou você, de pé e com empunhadura o suficiente para uma nova topada.

domingo, 3 de julho de 2011

Perder pra Conhecer

E se você descobrir que precisa de amor e não tiver, se gostar e sentir como se não conseguisse viver sem? E se você moldar sua vida em torno dele e ele desmoronar? O mundo parece não ter mais chão, eterno abismo. As mãos tremulas de ansiedade não tem lugar, o olhar se perde em meio a tudo e todos como se buscasse alguém sem a pretensão de ver ninguém, os pensamentos se multiplicam e esvaem na mesma fração de segundo, o coração inquieto não sabe se bate cada vez mais forte ou se para de uma vez. A cada esquina cruzada um vulto se faz presente e se torna ausente, como se todos fossem um só ser, como se a imagem refratasse da mente. Perder um amor se transforma em como perder um órgão, em como morrer, a diferença é que a morte tem fim, mas isso parece durar pra sempre, a falta, a dor é constante e vem repentina. O corpo suplica piedade e compaixão, sem forças suficientes pra ter uma reação ou levante, o colorir agora desbotado, o sorrir agora magoado, o esplendor do sentimento transformado em horror sem seu consentimento.

Até se descobrir que o ar é ainda mais importante, que dá pra viver a cada instante, que a luz do dia não se apagou tanto assim. As lágrimas já não correm mais, a vontade de ligar já deixou em paz. Descobrir que nada desmoronou de verdade, tudo continua intacto e que como todos os outros machucados esse vai fechar também e se viverá muito bem.

Não é que viver só seja um novo caminho a seguir, a perseguir, mas talvez também possa descobrir que o que falta é se descobrir, alavancar os próprios alicerces e moldar-se a si. Conhece-te a ti mesmo e nada poderá desestruturar.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Na Memória

Lembra do dia em que nos conhecemos? Às vezes me pego lembrando disso, com um sorriso meio bobo na cara. Aquele que você nunca entendeu quando me via te observando durante suas atividades rotineiras de casa, nos momentos mais sérios ou naqueles em que você se divertia mais do que qualquer outra pessoa. E quando me pego pensando em você, não sei bem o que sinto. São tantas coisas. Meio confuso, sabe?
Não que eu ache isso ruim, pelo contrário, acho interessante o fato de pensar que foi tudo tão esquisito e ao mesmo tempo ver que foi da melhor maneira que poderia acontecer. Lembrar que você não me dava muita bola, seu jeito durona de ser, típico de leonina. E eu todo interessado, fazendo de tudo pra você me querer, sendo eu mesmo, mas dando ênfase nas qualidades, que eu não sou bobo de apontar meus próprios defeitos. Apesar de menino, já tinha lido “Arte da Guerra”. Sun Tzu tinha que servir para alguma coisa.
Mas valeu porque consegui te conquistar, eu acho. Nem que tenha sido por pouco tempo. Na verdade, às vezes penso que, talvez, você tenha me aceitado mais pelo esforço que fiz do que pelas qualidades propriamente ditas. Mesmo assim, me senti muito feliz, afinal, todo aquele esforço tinha que dar resultado. E era um reconhecimento.
Àquela época eu pensava ser você a coisa certa, quem me faltava. Ver seu sorriso era tudo que eu poderia querer. Pensava, imaginava, criava, inventava todas as possibilidades de uma vida eterna entre nós dois. E de repente tudo se desfez, perdi a rota e um caminho que antes iluminado, se tornou gélido e cego.
Por um bom tempo fiquei sem saber como viver sem você. Sofri, chorei. Mas passou e hoje entendo que você era, sim, o melhor na minha vida naquele momento. Aprendi, cresci, amadureci. Foi bom pra mim e esse sentimento perdurará sólido e inalterado.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Tempo

Lembra-se daquele casaco preto que você sempre usava, porque vivia esquecendo ou com preguiça de levar o seu? Encontrei em meio as nossas coisas que agora somam lembranças. Ainda o uso, mas ele ficava melhor em você, mesmo cabendo mais de uma de você dentro dele. Lembranças que me disseram que com o tempo curaria, mas constatei que isso não é uma verdade, o tempo ameniza, mas não cura, o tempo trará inúmeras coisas, menos a cura.

Descobri que com o tempo histórias acabam, mas as lembranças não, e agora a percepção de que não aproveitei o tempo bom e que o tempo agora é mais curto e as vezes mais longo do que antes. Vivo na constante inconstância do tempo que me fez perceber que as pessoas não mudam com o tempo, elas são o que são, com o tempo se tornam mais ou menos idiotas ou se mascaram como subterfúgio e que o importante é saber onde se encaixar. Querer tempos diferentes depende disso, isso é o que define os tempos que virão, as pessoas que farão parte dele e as lembranças que se vai ter, porque o tempo não muda, fazer coisas é que muda algo, não fazer deixa as coisas do jeito que estão.

Descobri tarde?! Talvez. Mas não há como criar experiência, é preciso passar por ela, é preciso viver cada tempo para perceber que seu celular descarregado constantemente não era tão incomodo assim, que seu inglês tem melhorado muito com o tempo. É preciso errar para que com o tempo se descubra onde me encaixo e quais são as lembranças que pretendo ter daqui pra frente, e aí passar a viver cada tempo em sua plenitude e não mais a sobreviver a ele.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Einstein

Alguém me falou que o amor verdadeiro não existe mais, que ele não é mais o mesmo.  Mas quem foi que conheceu esse amor verdadeiro? Quem é esse Einstein que descobriu essa ciência exata?
O amor verdadeiro nunca existiu, a procura por ele é inútil, é fracassada, procurar por isso é querer encontrar qualquer outra coisa menos ele. Esperar por ele é abdicar de tudo que lhe é provido, é enganar a si, é se contentar com o ilusório pleno e absoluto, ou talvez nem pleno e nem absoluto.

Amor verdadeiro não tem base em receita de bolo, não dá pra tentar seguir um plano, tentar uma maneira certa pra se ter, encontrar, construir, constituir, prover, ele é dissimulado, ele é plural, é multifacetado, é mutável, mas é único e simplório. Ele não representa nada e significa muito, está contido, mas está livre pra estar onde bem entender, ele te dá o rumo e te faz perder o prumo.
O amor verdadeiro está em cada um de nós, em cada momento único, em cada instante representado, vive com cada lembrança, cada querer, cada saber, por isso ele é intrigante, provoca questões, dúvidas. Desista dessa busca, simplesmente ame, sem ter, nem porque, só ame, você vai encontrar o seu e só seu amor, cada um tem o seu, cada qual com sua peculiaridade e cada um se torna verdadeiro tanto quanto o outro, o importante é aproveitar o que ele pode te dar da forma que for.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Desabafo de uma linguagem só

Enfim desabafei, pude colocar pra fora tudo, ou quase tudo, aquilo que me dava um nó na garganta, tudo aquilo em que passei dias e noites ensaiando e ponderando comigo mesmo, momentos em que tudo ao redor se tornava coadjuvante e você era não só a atriz principal, até porque isso você sempre foi, mas em que era o roteiro e passaria a ser a telespectadora quando chegasse a hora de podermos conversar. Não saiu como planejado, frases pela metade, palavras fora do contexto adequado, ideias trocadas, mas nem tudo sai mesmo e talvez assim seja melhor, por um motivo qualquer ou por força maior é assim que a vida acontece, ela acontece e nós fazemos acontecer. Pensei em me arrepender, tive o ardor da angústia de não ter expressado da minha melhor maneira, com toda a intensidade daquilo que existe dentro de mim e que é apenas você. Mas me dei conta de que eu poderia utilizar todas as palavras conhecidas em todas as línguas existentes e/ou já mortas que eu não conseguiria lhe dizer a imensidão que é a sua importância pra mim, o seu significado em minha vida, a falta que você tem feito, de como as coisas deixaram de ter o significado que tinham com você ao meu lado. Eu poderia ter me expressado na melhor produção de Hollywood que ainda assim não me seria suficiente pra demonstrar, não seria nem mesmo suficiente pra te convencer.

Passei dias olhando para as estrelas buscando um conselho, uma descoberta, algo que me levasse até você de alguma forma, algo que fosse aquilo que eu gostaria de ouvir. Só ouvi devaneios oriundos da minha mente culpada, da minha mente relapsa projetada em num espelho de mim mesmo. Ouvi aquilo que deveria ser dito, da forma pura e pontual. Constatei que meu desejo se esbarra na consciência de que você se foi com razão, que quando percebi que você se esvaia de minhas mãos só foi incontrolável porque quando mais precisei de mim eu me abandonei e você se foi junto.

Ainda amo você, e isso não se tornou um martírio, amar alguém que não se tem não é tão doloroso quando o querer bem se faz absoluto. Você não pode amar alguém sem que se abra para os seus problemas, seus medos. Meu medo era de não te proporcionar todas as alegrias que eu sentia por estar ao seu lado, esse medo se tornou fatídico, poderia então me conformar com ele ou entender que quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás, e que era aí que o medo ficaria e que a minha busca não teria mais fim, já que é assim que é o amor por você, sem fim.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma última vez

Difícil olhar nos seus olhos novamente, difícil perceber que o brilho que eles levam não tem mais nenhuma relação comigo, difícil observar você seguir tão bem sem mim, não desejo o contrário e nem pensei que você ficaria em eterno luto, mas a ideia era de eu poder fazer você sempre bem assim ou até melhor, difícil ter que despedir de você e saber que pode ser a última vez, difícil estar sem você e não saber o que é pior, se é não te ver pra não alimentar uma saudade que não poderá ser amenizada ou ver você pra não sentir essa saudade, mas não poder te tocar, e ainda assim permanecer com a falta que você me faz. Difícil é acordar todos os dias querendo ver você ainda dormir, querer beijar seus olhos para que você dê aquele sorriso preguiçoso e se virar para continuar dormindo. O difícil não é olhar para o futuro e não te ver nele, porque o futuro é interrogação, o futuro é obscuro, apenas imaginário, é olhar para o meu presente e cair na real que não te tenho mais ao meu lado, não te tenho como aquela companhia para deitar no colo e desabafar todas aquelas angústias, é não poder comemorar cada conquista com você e dedicá-las a você, é te ter apenas como parte de um passado, de uma história boa.
Provavelmente você nunca retorne e essa não é nem a parte mais difícil, porque um dia você iria mesmo, nada dura o tempo suficiente pra nós, sempre achamos que foi tempo demais ou que já passou da hora, quando na verdade tudo dura o tempo que foi feito pra durar, e essa sim é parte difícil, é assimilar que nosso tempo foi tão curto quanto eu gostaria que fosse.
Foi bom ter te visto, bom ter ficado frente a você e sentir meu coração bater forte mais essa vez, para que assim esses pensamentos possam enfim descansar, enfim sair deste faz de conta e seguir com a cabeça no mundo real. Obrigado.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sem Sentido

Pensei em escrever algo que fizesse sentido, que representasse esse instante, algo que se encaixasse, que se fizesse entender por si, algo que me lembrasse de alguém talvez. Mas tem horas que nada faz muito sentido, em que nada tem um encaixe perfeito e que na realidade bate, mas apenas bate e volta. E olha que é até bem comum, cada relação em que pensamos que poderia se fixar porque acreditávamos que aparava todas as arestas, que supriria todos aqueles buracos existentes dento de nós, ou mesmo aqueles momentos que criamos para nós achando que ele é o que precisamos naquela hora. Mas esquecemos de que o depois poderá vir e aí nos cobrará esse instante que passou e o de agora e aí a dívida é dobrada, têm juros e altos, um preço que às vezes se torna pesado demais, um fardo.
Vivemos procurando sentido em alguma coisa, em alguém, quando nada tem um real sentido, quando às vezes as coisas não precisam fazer tanto sentido assim, quando podem simplesmente acontecer sem ter explicações óbvias, matemáticas, noções estatísticas, podem apenas rolar, acontecer e ser. Nem tudo é óbvio, é explicável. Ninguém é perfeito, nenhum momento é tão perfeito, as pessoas apenas se somam e os momentos apenas são momentos. Deixar o destino se encarregar de boa parte do caminho nem sempre é abandonar aquilo que se quer, é se esquecer do prioritário, do dever diário, é apenas respirar fundo por um instante e ver que o mundo pode proporcionar coisas que não estavam no seu script diário e que mesmo assim foi melhor do que se poderia planejar. Nem sempre o plano ocorre em sintonia, talvez exatamente porque o mundo te reserva algo melhor que você imagina pra você mesmo. Faz sentido? Quem sabe...! Mas é isso que te traz aquele sorriso repentino e espontâneo que você não dava há horas ou dias. Quer ter respostas e explicações, more num laboratório e deixe a vida real pra quem é capaz de enxergar aquilo que não se pode enxergar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Jogando o Jogo

Escutei darem um conselho em que diziam “A vida é uma roda gigante”, e me perguntei, será mesmo? Talvez o argumento de que a roda gigante se assemelhe com a vida pelos altos e baixos possa ter um fundo de verdade, em alguns momentos até fazer sentido. Mas será mesmo que sua vida é tão previsível assim? Será que você consegue mesmo enxergar ou esperar quando sua vida entrará em declínio e logo depois de volta ao topo? É claro que nosso caminho somos nós mesmos que fazemos, que trilhamos. No entanto, ninguém é capaz de prever nada que poderá surgir.
A vida é mais uma daquelas torres de parque de diversão, como a ‘La Tour Eiffel’, em que você sente a subida e a paisagem vai ficando cada vez mais bela, até que você chega ao topo, a sensação de liberdade fica plena e tudo dali de cima é realmente menor que você, quase que inatingível. Você então para por alguns momentos e curte aquele instante, mas sem nenhum aviso, sem nenhuma previsão você começa a despencar de quase 70 metros de altura sem poder fazer nada, dá uma vontade de gritar enorme, até bate um desespero sem saber quando se vai parar de cair. Quando chega no fim você pensa ‘quero subir novamente, preciso subir.’, mesmo que sujeito a uma queda instantânea ou que o momento lá em cima dure pouco. Porém, a subida te leva a uma fila enorme, você terá que batalhar muito pra chegar lá de novo.
O jogo da vida é esse, difícil por si só, não se deve complicar ainda mais, alguns complicam de propósito, tudo bem, afinal, são as próprias vidas que fazem parte desse jogo. Às vezes quando se para pra pensar em tudo, chega a dar vontade de desistir, porque parece que se tem milhões de motivos pra isso, inúmeros obstáculos, centenas de pessoas lhe dizendo que isso ou aquilo é impossível, mesmo o impossível não existindo, sendo apenas um a palavra imposta para que você não consiga.
Desistir, jogar tudo pro ar seria mais simples, mas você acabaria perdendo a melhor parte do jogo, mesmo que envolvesse inúmeras dificuldades, já que é isso que dá aquele sabor que a vitória, a conquista tem, quando se levanta e se pode olhar pra trás com outros olhos e observar que tudo foi duro, mas valeu a pena. Entrar nessa arena, jogar o jogo e curtir cada movimento, eles são únicos, não se repetem e todos valem a pena.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Numa Próxima Estação

Me perdi, por alguma razão saí dos trilhos e comecei a perder todas as estações à minha frente, sem controle atropelei tudo por onde passei até desabar completamente. Por um longo tempo estive a lamentar por todas àquelas estações das quais deixei pra trás, pois não sabia o que nelas esperavam, quem nelas esperavam, se os destinos seriam os mesmos. Pensei em voltar e fazer todo o caminho novamente, mas não dá pra voltar quando o caminho percorrido já foi percorrido, e mesmo com tudo aos cacos vi que ainda era possível prosseguir, buscar uma próxima estação e ver o que poderia encontrar. Estrada longa, caminho adverso, titubear quase necessário, perder a esperança consequência. Mas seguir é preciso, a maior barreira para o sucesso é o medo do fracasso. Não há porque lamentar com o que passou, não há volta, não há conserto, há perseverança pra acreditar e se manter firme num novo caminho.
Por longas noites a lua se fez companheira, pra ela contei histórias e fiz pedidos, pensando talvez que ela pudesse me ouvir. Quando de repente me deparo em uma nova estação, quase que completamente vazia, quando com um susto sou abordado por você perguntando pra onde eu estava indo, tão perdida quanto eu, mas ao mesmo tempo serena e tão segura de si. Foi então que ao olhar nos seus olhos me senti totalmente envolvido por eles e tudo parou, você sorriu e todas as dores desapareceram, toda a dificuldade foi esquecida, assim, como um passe de mágica. E em uma fração de segundo fiquei estático sem reação, sem noção de espaço e tempo, hipnotizado. No breve despertar respondi pra onde ia, novamente você sorriu e disse também ter esse destino. Pude então perceber que eu realmente fui ouvido, que agora não estava mais só e que agora poderia trilhar um caminho melhor, ter dias e noites mais felizes, porque agora você está ao meu lado, com você dividirei meus e seus segredos, nossas histórias, com você estarei e te farei mais forte. Mas hoje a lua ainda é minha companheira, agora toda vez que você adormece eu fico a conversar com ela, agradeço por ter me enviado você.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sorria

Quantos sorrisos e risadas se costuma dar num dia normal?!Me peguei pensando nisso, não há um porque, são aquelas coisas que acontecem automáticas e sem nexo nenhum que passam pela cabeça.
E quantas dessas risadas fizeram realmente perder o folego? É, faz parte desse mesmo pensamento, mas que talvez comece a fazer com que ele tenha mais sentido – é o que define a veracidade de cada risada, de cada sorriso, de cada momento, é o que torna válido cada amanhecer, é o que transforma simples momentos como um cachorro quente na esquina, um churrasquinho  com farofa ou um piquenique no clube em instantes excepcionais.
Nem todo sorriso é de felicidade, nem toda lágrima é de tristeza ou saudade. Descobrir essa diferença é a essência para que a vida passe a ser mais sem folego do que regada a aparências e agrados infiéis. Porque viver é bem mais simples e mais arriscado, é ter medo da dor, porque ele é o grande motivador, ele é o que causa aquele frio na barriga quando você está pra encontrar aquela pessoa que você nunca viu, mas que sabe que é quem você sempre quis e esperou, é o que causa aquela ansiedade por uma notícia tão aguardada em que você é capaz de cruzar os dedos pra que seja tão boa quanto se podia imaginar, são em momentos como esse que você vive, em que você aprende. Suba no balanço da vida, viva os altos e baixos com aquela adrenalina de uma criança que é empurrada ao máximo, mas que não perde o sorriso e que perde o folego a todo instante. Vamos balançar, aproveitar pra curtir aquele vento que você só conhece de dentro de um carro ou daquele ar-condicionado que te faz espirrar dez vezes ao dia, acima de tudo, vamos nos divertir, vamos gargalhar sem pudor. Momentos assim transformam vidas e se você for inteligente, essa vida pode ser a sua.